VISA QUER SER UMA ‘REDE DE REDES’ DE PAGAMENTOS

Por Valor Econômico | Álvaro Campos

Ainda com uma imagem muito ligada ao seu negócio tradicional de bandeira de cartões, a Visa vem se modernizando fortemente nos últimos anos, apostando na parceria com fintechs e no desenvolvimento de tecnologias para se tornar cada vez mais uma “rede de redes” de pagamento.

 

A compra da fintech colombiana YellowPepper, anunciada esta semana, é o mais recente passo nesse sentido. A startup atua em nove países da América Latina, incluindo o Brasil, e no Peru é responsável pela operação do sistema de pagamentos instantâneos Plin, semelhante ao Pix, que aqui está sendo implementado pelo Banco Central.

 

O presidente da Visa no Brasil, Fernando Teles, conta que quando a YellowPepper chegou ao Brasil, dois anos atrás, começou a operar dentro do escritório da Visa, que já tinha uma participação minoritária na companhia.  A ideia da Visa com a aquisição é ampliar a oferta de produtos relacionados à indústria de pagamentos, que são “agnósticos”, ou seja, podem trabalhar com diversos arranjos, inclusive com concorrentes diretos, como a Mastercard, por exemplo.

 

Isso já é feito com outras companhias que a Visa comprou nos últimos anos, como a CyberSource e a CardinalCommerce. Assim, a empresa consegue oferecer soluções de identificação, autenticação, tokenização, compensação, fluxos transfronteiriços, prevenção a fraudes, segurança cibernética, entre outros. “Nós temos uma base de 3,5 bilhões de consumidores e 60 milhões de estabelecimentos, presentes em 200 países. Nosso negócio é gerenciar isso, colocar essa rede à disposição de outros. Nós somos provedores de soluções, oferecemos parcerias para crescimento conjunto”, explica Teles.

 

O negócio de bandeira de cartões ainda é dominante, mas a expectativa é que esses outros serviços, que vêm crescendo a uma velocidade muito superior, atinjam uma fatia de mais de 10% da receita no curto prazo.

 

No Brasil, a Visa fechou recentemente acordos para ser a emissora de cartões da XP, Caixa, Banestes, Sorocred e Credz; instalou pagamentos por aproximação no Metrô do Rio; investiu na fintech Conductor; entre outras iniciativas. Um dos projetos de maior visibilidade, no entanto, é a parceria com o Facebook para os pagamentos via WhastApp. O projeto foi barrado pelo Banco Central e Cade em junho, e desde então as partes vêm conversando com as autoridades. Esta semana, o presidente da Cielo, Paulo Caffarelli, comentou que espera uma liberação em novembro, e Teles também está otimista.

 

“O BC está estudando o modelo, fez uma série de perguntas. Nós já respondemos e elas estão sendo avaliadas. Espero que [a liberação] aconteça em breve”, diz o presidente da Visa. Segundo ele, o BC mostrou preocupação basicamente com três pontos: uma eventual exclusividade das partes originais do acordo – o que não existe, já que outras podem se juntar; segurança dos pagamentos; e proteção de dados. “Tudo foi esclarecido, foram autorizados testes com novos participantes e esperamos voltar logo com a operação”, afirmou.

 

Um dos pontos em aberto, que o BC ainda avalia, é se o Facebook, como proprietário do programa, teria de ser considerado como uma instituição integrante do arranjo de pagamentos. Em caso positivo, teria de entrar com pedido para obtenção de licença junto ao BC. “O WhatsApp é só um diretório, achamos que não precisa dessa licença, porque ele não é uma instituição de pagamento, não tem carteira, nenhum dinheiro fica nele, mas se o BC chegar à conclusão que sim, o pedido será feito e as autoridades sugerem que haverá uma diligência maior, que o processo será mais acelerado”.

 

Ele explica que a velocidade da revolução tecnológica atual abre espaço para a atuação na prestação de serviços de pagamento. Mesmo com o Pix, que poderia afetar as receitas da Visa ao reduzir as transações com cartões de crédito e débito, a oferta de serviços correlatos de pagamentos pode impulsionar as receitas da companhia. “Os bancos e fintechs vão precisar de serviços de certificação, autorização de usuário, combate à fraude”, explica o executivo.

 

A Visa divulgou este mês que os pagamentos por aproximação no Brasil cresceram 40% no primeiro semestre deste ano. O presidente da companhia explica que a tecnologia já existia há um bom tempo, mas precisava de um empurrão, que veio justamente da pandemia de coronavírus. Nos países onde foi adotado, essa tecnologia gerou uma migração muito grande do dinheiro de papel, ou seja, fez as pessoas usarem menos essa forma de pagamento, que ainda é muito grande no Brasil.

 

“A gente já vinha investindo em ações de marketing para a popularização, mas o isolamento social foi um impulso gigantesco, o receptor se adaptou muito rapidamente, e a mudança no limite para essas transações, que subiu de R$ 50 para R$ 100, já cobre uma quantidade muito grande de operações”. Hoje, o tíquete médio é de R$ 86 no crédito e R$ 46 no débito. Ainda assim, os pagamentos por aproximação são uma parcela muito pequena, de apenas 3%, das transações com cartões. Na Austrália, por exemplo, essa fatia é de 96%.

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