Por Fernanda Bompan | Valor Econômico
Pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Sebrae, mostra que o Pix, sistema de transações instantâneas e capitaneado pelo Banco Central (BC), é segundo meio de pagamento mais utilizado no País, com 70% da preferência, perdendo por pouco pelo dinheiro em espécie, com 71%.De acordo com o levantamento, cartão de débito aparece em terceiro lugar (com 66%) e, em seguida, o cartão de crédito (57%).
A preferência pelo Pix é justificada para 83% dos usuários pela rapidez e a praticidade, seguido de evitar ou minimizar contato físico com máquinas e/ou pessoas (34%) e pela segurança (32%). Esse sistema é gratuito para pessoas físicas e para pequenas empresas, vantagem citada por 42%.
Em nota, o presidente da CNDL, José César da Costa, comenta que essa pesquisa reforça os que os números oficiais, divulgados pelo BC, apontam para uma rápida adesão, com algo próximo de 80 milhões de usuários, e, ainda, com menos de um ano de operação.
A pesquisa aponta, porém, que nas compras em lojas físicas o cartão de débito (32%), cartão de crédito (30%), e dinheiro (25%) são os meios mais utilizados. Já o cartão de crédito é o preferido nos pagamentos de compra online (52%). O dinheiro é o meio mais utilizado para pagamentos de contas de consumo (32%).
“Percebemos uma mudança no comportamento do consumidor que está cada vez mais adaptado às inovações de pagamentos online. Mas também vemos que nas negociações nas lojas físicas o consumidor ainda prefere o uso dos cartões e também do dinheiro”, completa Costa, na nota. Especificamente ao Pix, a aceitação nos estabelecimentos foi menos citada (15%) – um fato é compreensível, dado que o surgimento desta opção é recente, segundo a entidade. As empresas que já oferecem, no entanto, têm esta vantagem competitiva sobre as demais.
Tomando o lugar das TEDs e dos DOCs, velhos conhecidos dos correntistas brasileiros, o tipo mais citado de pagamento através de Pix, segundo a pesquisa, é a transferência de saldos para amigos e parentes: 88% citaram esta finalidade. Os usuários da novidade também destacaram o pagamento de serviços (40%); de compras pela internet (26%); compras de alimentos (18%); restaurantes (17%) e consultas médicas (12%).
A grande vantagem do Pix com relação às tradicionais TEDs e DOCs é a instantaneidade e a gratuidade para pessoas físicas.Ainda em tempos de pandemia, as entidades apontam que a necessidade de distanciamento social e de evitar o compartilhamento de objetos colocou um ponto de atenção sobre o uso do dinheiro físico.
A situação de lockdown e o aumento das compras online também influenciaram a forma de pagar. De acordo com a pesquisa, 67% dos entrevistados relataram mudanças nas formas de pagamento em decorrência da pandemia, sendo que 45% passaram a fazer mais pagamentos de forma online (incluindo transferências e Pix). Vinte e três porcento passaram a utilizar mais o cartão de crédito, 21% o cartão de débito e 5% mais dinheiro. Para 33%, não houve mudança – neste caso, podendo haver consumidores que já adotavam práticas que foram recomendadas durante a pandemia, esclarecem a CNDL.
Considerando os consumidores que costumam utilizar cartões e carteiras digitais, seja cartão de crédito, cartão de débito, Paypal, Pag Seguro, Moip, Pic Pay, Mercado Pago, Samsung Pay, Apple Pay etc, mais da metade (59%) já fez pagamentos por aproximação. A rapidez e a praticidade foi o principal motivo, citado por 53% dos que usaram a tecnologia. A comodidade de não precisar digitar a senha também pesou, mencionada por 39%. Outros usaram por curiosidade, para testar a novidade (38%). Além destes, 31% mencionaram a higiene e o fato de evitar contaminação com covid, 24% quiseram evitar o contato com o dinheiro, e 12% alegaram que é mais seguro.
A pesquisa mostrou ainda que o cartão físico foi o principal meio de pagamento por aproximação, citado por 91% dos consumidores que já usaram a tecnologia. Smartphone e smartwatch foram citados por, respectivamente, 18% e 4%.
O presidente da CNDL avalia que a pandemia acelerou os processos de inovação tecnológica e a população está cada vez mais habituada a utilizar novos meios de pagamentos. Neste cenário, os bancos têm percebido esta tendência e têm investido cada vez mais em soluções que tragam segurança e praticidade. “Ao mesmo tempo, o lojista se adaptou e ampliou as formas de pagamento oferecidas”, disse na nota.
Entre aqueles que ainda não experimentaram as tecnologias de pagamento por aproximação, 39% justificaram que não consideram esta opção confiável e 26% mencionaram que não têm esta tecnologia habilitada no cartão. O medo da clonagem dos dados também foi citado (23%), seguido pelo receio de não precisar digitar a senha (20%). “Esta modalidade não exige, com efeito, a digitação de senhas para valores de até R$ 100. Isso representa uma facilidade e, ao mesmo tempo, um risco em caso de perda do cartão. Por isso, o consumidor que tem essa funcionalidade habilitada deve estar atento às notificações de compra e providenciar o bloqueio do cartão de forma rápida, caso venha a perdê-lo, evitando prejuízos”, destaca Costa.
Outra novidade nos meios de pagamento lembrada na pesquisa é o uso de QR Codes. Segundo o estudo, 18% dos internautas mencionaram ter costume de usar essa modalidade. Entre estes consumidores, a rapidez e a praticidade foram os motivos mais apontados para o uso, citadas por 63%. Além destes, 31% indicaram a alta aceitação nos estabelecimentos e 31% mencionaram a possibilidade de evitar a digitação na maquininha de cartão. Evitar o contato com o dinheiro (26%) e, mais especificamente, evitar a contaminação com covid (22%) também foram motivos destacados.
Os que não costumam pagar através de QR Code também elencaram os seus motivos. Uma parcela de 25% acredita que a maioria dos estabelecimentos ainda não aceita este tipo de pagamento e 20% têm dificuldades de saber como funciona.
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