COM O PIX, COMO FICAM AS AÇÕES DE BANCOS E CREDENCIADORAS?

Por Valor Investe | Nathália Larghi

Nas últimas semanas, o mercado financeiro voltou suas atenções para o lançamento do Pix, o novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central. Com ele, haverá a possibilidade de pessoas físicas transferirem dinheiro a qualquer momento, em tempo real, sete dias por semana, 24 horas por dia, e gratuitamente. Além disso, essa transferência também poderá ser usada como forma de pagamento em lojas e estabelecimentos. Mas se para as pessoas físicas o novo sistema pode representar mais facilidade, para empresas como os bancos e credenciadoras (donas das maquininhas de cartão), ele pode ser um desafio. E em meio a um cenário desafiador, como as ações dessas companhias podem se comportar?

Um relatório divulgado pela XP Investimentos mostrou que a receita dos bancos com conta corrente (ou seja, quanto os clientes pagam de taxas para ter uma conta naquela instituição) foi 17% do total das receitas de serviços em 2019. Com o Pix, no entanto, o analista Marcel Campos acredita que esse número deve cair.

Segundo o analista, as pessoas aceitam pagar essas tarifas devido as facilidades que os bancos oferecem, como um determinado número de transferências via TED ou DOC gratuito mensalmente. Com o Pix, no entanto, essas funcionalidades deixam de ser úteis. Assim, os bancos podem ser forçados a baixar as tarifas cobradas para manter aqueles clientes.

Campos afirma, no entanto, que essas perdas já foram consideradas pelo mercado e estão embutidas nos preços atuais das ações dos bancos. Portanto, elas não devem cair em decorrência do Pix.

“A queda de tarifa de conta corrente, especialmente de varejo, já está muito no preço das ações dos bancos. Essas tarifas já não estavam crescendo muito, com a digitalização trazida pela covid-19, a maioria dos analistas já colocou isso no preço. Tanto que as ações caíram muito e não se recuperaram (ou se recuperaram muito pouco) desde então”, afirma.

Até o pregão da última sexta-feira (23), as ações ordinárias do Banco do Brasil caíram 34,64% no ano, enquanto as preferenciais do Itaú caíram 29,06% e as do Bradesco tiveram queda de 30,59%. As units (um papel que reúne dois tipos diferentes de ações, geralmente uma ordinária e uma preferencial) do Santander registram queda de 26,14%.

Há quem acredite, no entanto, que o Pix pode beneficiar os bancos. A principal razão seria o aumento de pessoas entrando no sistema financeiro, o que é chamado de “bancarização”.

“O Morgan Stanley estima que teremos 20 milhões a 45 milhões de pessoas entrando no sistema bancário com o Pix. E com o tempo, essas pessoas vão acabar investindo, contraindo crédito, e isso tende a ser positivo para os bancos, porque há aumento da base de clientes“, afirma Rodrigo Wainberg, analista de investimentos da Suno.

Para ele, outro benefício é a economia que os bancos terão com a logística que envolve o dinheiro físico. Com o Pix, o analista acredita que a demanda por saque de dinheiro ficará menor. “Existem agências que só se mantêm porque há essa demanda para sacar recursos. E pode ser que com o tempo aconteça o fechamento dessas agências”, afirma.

Assim, ele afirma que a reação do mercado em relação às ações dos bancos é “exagerada”. “O que eu acho é que haverá pressão na rentabilidade desses bancos, mas eles ainda têm um retorno bom. Acho que o banco perde por um lado, mas ganha por muitos outros“, afirma Wainberg.

O impacto do Pix nas credenciadoras também deve ser sentido. Porém, os executivos dessas companhias estão otimistas. Isso porque uma das principais estratégias é inclui-lo (o Pix) como forma de pagamento nas próprias maquininhas.

Para os lojistas usarem o Pix eles precisam solicitar uma chave ao seu banco. Essa chave é o código que identifica aquela conta, como se fosse os dados da conta bancária. Para receber por meio do sistema, os clientes podem fazer uma transferência usando a chave da empresa ou o lojista pode gerar, no aplicativo ou site do banco, um QR COde (aqueles códigos que são lidos pela câmera do celular). Assim, o cliente faz a leitura do código pelo smartphone e aí aparece, em seu celular, a transação para ele validar e concluir o pagamento.

“Da mesma forma que a maquininha aceita débito, crédito, ela vai aceitar o Pix. O QR Code vai ser gerado ali e o cliente faz o pagamento lendo aquele código na maquininha”, afirma Paulo Roberto Caffarelli, presidente da Cielo, líder desse mercado. Para ele, será mais cômodo e seguro para o lojista fazer essas transações por meio da maquininha que ele já tem e não deve dispensar tão cedo.

Essas transações, no entanto, serão cobradas do lojista. Ainda não se sabe ao certo o quanto elas custarão. Segundo o Banco Central, isso depende da negociação do lojista com o banco e também da credenciadora. Especialistas acreditam, no entanto, que diferente do que acontece nas transações com débito ou crédito, nas quais a empresa paga uma porcentagem por transação, será cobrada uma taxa fixa por venda.

Ainda assim, Luis Sales, analista da Guide, acredita que os papéis das credenciadoras podem sofrer se elas não apostarem em outros serviços. “Empresas como Stone e PagSeguro estão agregando serviços e produtos. Cielo vejo brigando pelas mesmas coisas, então pode sofrer mais“, afirma. Para ele, a companhia deve explorar novos nichos para não ter mais perdas. No ano, as ações da Cielo acumulam queda de 55,42%.

Quais ações sofrem mais e quais se dão bem?

Segundo Campos, da XP, nos preços atuais existem opções de ações atrativas no setor financeiro. Uma delas, segundo o especialista, é o Banco do Brasil, devido à sua força no crédito para agronegócio e menos dependência do varejo (que é diretamente impactado pelo Pix).

O BB tem uma menor necessidade de receita de varejo o que é positivo, porque é a área mais atacada. Ele tem a carteira mais bem defendida dos grandes bancos, um terço é crédito para agro, que é um setor que está muito bem e tem inadimplência estruturalmente baixa. Outros 10% da carteira são vindos de consignado, que também tem inadimplência baixa. Além disso, ele é digitalmente mais avançado que os outros. Tem o aplicativo mais acessado e a base de clientes mais digitalizada”, afirma o analista.

Já quem mais deve sofrer, na visão de Campos, é o Itaú, justamente pela dependência do varejo. “Ele tem muito mais receita de varejo que os outros. Então ele é o mais arriscado“, afirma. “Para mim, a ordem de risco do mais seguro para o que deve sofrer mais impacto é: Banco do Brasil, Bradesco, Santander e, por fim, Itaú”, afirma.

“A Stone deve adquirir a Linx, a PagSeguro também vai pra outros negócios complementares, como serviços financeiros, investimentos. Elas têm muita inovação tecnológica também, o que é positivo”, afirma.

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