Por Valor Econômico | Maria Luíza Filgueiras
Quase um ano após o anúncio de lançamento do serviço de pagamentos no Brasil, o WhatsApp começa efetivamente hoje a processar transferências financeiras. Nesse período, o app obteve licença de operação pelo Banco Central e aproveitou para firmar mais parcerias — no ano passado, a estreia seria com três bancos. Agora, clientes de nove instituições financeiras já poderão fazer pagamentos pelo app de mensagens.
“Pagamentos digitais são muito importantes nesse momento. É mais seguro que entregar dinheiro a alguém e você não precisa ficar numa fila de banco”, disse Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, empresa que é proprietária do WhatsApp e também do Instagram.
Em seu primeiro vídeo de lançamento produto local, ele comparou o serviço financeiro à facilidade de mandar uma mensagem ou foto entre amigos e familiares. “Esse é um dos primeiros lugares do mundo a ter pagamento no WhatsApp e isso porque sabemos o quanto o WhatsApp é importante para o Brasil”, emendou.
Zuckerberg se refere ao uso frenético do app no país. O Brasil é o segundo maior mercado em número de usuários do WhatsApp no mundo — são 120 milhões de pessoas usando o app, atrás apenas dos 400 milhões da Índia. Mas os indianos são mais concisos na comunicação: com menos da metade dos usuários, o Brasil supera a Índia e qualquer outro mercado em número de mensagens.
O serviço começa com cartões de débito e pré-pago do Banco do Brasil, Banco Inter, Bradesco, Next, Itaú, Mercado Pago, Nubank, Sicredi e Woop Sicredi, com as bandeiras Visa e Mastercard. A operadora é a Cielo, que não tem exclusividade. “Cerca de 70% do mercado bancário no país já começa com acesso ao sistema”, disse Matt Idema, diretor de operações do WhatsApp, ao Pipeline.
Somente BB, Bradesco e Itaú somam cerca de 250 milhões de correntistas — o que mostra que o serviço pode ajudar o WhatsApp a extrapolar o número atual de usuários no país. “O surgimento de novas formas de pagamentos adaptadas à economia digital é relevante nas experiências financeiras de rotina dos clientes”, diz Renato Ejnisman, CEO do next, o banco digital do grupo Bradesco.
No fim de março, o BC deu aprovação à Facebook Pagamentos do Brasil Ltda para se tornar um iniciador de pagamentos para transferências entre pessoas físicas. A companhia continua trabalhando com o BC na autorização para pagamentos para empresas. O BC também deu a licença de operação de arranjo de pagamento aberto para Visa e Mastercard no Brasil.
O lançamento em junho do ano passado tinha sido suspenso pelo regulador, levantando questionamentos no mercado sobre a razão de empresas experientes no mercado financeiro brasileiro — como a Cielo, Visa, Mastercard e os bancos – não terem antecipado esse problema.
Instituições de pagamento (IP) só precisam estar sob o guarda-chuva do BC com uma licença específica quando atingem determinado volume transacionado. Agora esse volume é de R$ 20 bilhões em 12 meses, em uma mudança recente de regras – até duas semanas atrás, o limite era de R$ 500 milhões. A licença obtida pela WhatsApp é uma das modalidades dentro da regra de IP.
O porte dos operadores envolvidos e a inovação do sistema anteciparam a preocupação do regulador, que não gostou de ser pego de surpresa e queria garantir a segurança das operações, disse o diretor de um dos bancos parceiros ao Pipeline.
Antes mesmo no anúncio no ano passado, já havia expectativa há algum tempo que o WhatsApp ingressasse em pagamentos, tendo em vista a escala de apps chineses nesse negócio, notadamente o WeChat. A empresa não vai cobrar taxa do usuário no serviço de pagamento, que será liberado gradualmente nas próximas semanas entre os correntistas dos bancos parceiros.
Os pagamentos no WhatsApp são habilitados pelo Facebook Pay, que utiliza PIN e biometria, o que garante a segurança das operações, segundo a companhia. As redes sociais Facebook e Instagram também podem usar sistema de pagamento futuramente.
Os limites financeiros são os mesmos que a companhia já tinha antecipado no ano passado, apontando a expectativa do WhatsApp de transações de tíquetes menores – cada usuário pode enviar até mil reais por transação e receber 20 transações por dia, com um limite de R$ 5 mil por mês.
Para Marcos Valério Tescarolo, diretor da Bradesco Cartões, o serviço no app “acelera o processo de digitalização democrática dos meios de pagamento”. “Temos certeza de que o recurso de pagamentos no WhatsApp contribuirá para a inclusão financeira de milhões de pessoas e para o aumento da formalização da nossa economia”, emenda Paulo Caffarelli, presidente da Cielo.
Segundo o COO do WhatsApp, apesar de começar a operar com os atuais correntistas dos bancos, a companhia acredita que o serviço pode servir também para aumento de bancarização. Idema diz que o grupo não tem uma meta específica de volume mínimo para o primeiro ano de operação. Se for um pequeno percentual do número diário de mensagens trocadas no app, o WhatsApp pode constar em breve nos rankings de maiores volumes transacionados – e dar um empurrãozinho às cifras da Cielo.
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